Programa de governo quer aumentar contratações retirando direitos de trabalhadores de 18 a 29 anos

Programa de governo quer aumentar contratações retirando direitos de trabalhadores de 18 a 29 anos
Mais ataques aos direitos trabalhistas – Governo Federal lança programa para estimular contratações, beneficiando os patrões e retirando direitos dos trabalhadores com idade entre 18 e 29 anos. Entre as medidas previstas no Programa Verde Amarelo, está a redução da alíquota de contribuição do FGTS, que passaria de 8% para 2%. A outra medida que coloca o trabalhador numa cilada é a redução da multa de 40% para 20% do FGTS em caso de demissão. Nesse caso, o jovem desempregado, ao pleitear a vaga, vai negociar a redução direto com o patrão. Algo do tipo: você vai querer o emprego ou o direito à multa de 40% no caso de ser demitido? Sem falar no risco dos patrões substituirem os empregados atuais por novos, para garantir um custo menor com retirada de direitos.

 

Plano do governo reduz FGTS de jovens de 8% para 2%; pode isso?

O Programa Verde Amarelo, lançado pelo governo nesta segunda-feira (11) para estimular a criação de vagas de emprego entre jovens de 18 a 29 anos, pode ser questionado na Justiça, dizem especialistas no assunto. Em linhas gerais, o programa apresentado prevê que trabalhadores com idades de 18 a 29 anos possam ser contratados com uma redução de encargos tributários que, segundo o governo, permitirão que o custo da mão de obra seja reduzido de 30% a 34%. A contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por exemplo, cairá de 8% para 2%, e o valor da multa poderá ser reduzido de 40% para 20%, decidida em comum acordo entre o empregado e o empregador, no momento da contratação.

Para o professor de direito do trabalho da FGV-SP, Luiz Guilherme Migliora, a redução da contribuição do FGTS pode ser questionada porque o Fundo é um direito constitucional. “Embora a Constituição não cite a alíquota do FGTS, quando foi criado o fundo, foi determinada uma alíquota de 8% para que a contribuição representasse um salário anual. Se o percentual diminui, alguém pode alegar que o objetivo do fundo está sendo mudado, pois não representará mais um salário no ano”, disse Migliora.

O professor da FGV-SP disse que ainda há o risco de as novas regras serem usadas apenas para precarizar o emprego já existente. Em vez de abrir novas vagas, o empregador apenas substituiria funcionários por uma mão de obra contratada no novo regime, mais barato. Para evitar isso, o governo terá que ter uma fiscalização forte.

O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, vai adiante e diz que se houver apenas substituição de atuais empregados por novos trabalhadores que custam menos ao empregador, haverá uma flexibilização mais ampla da legislação trabalhista. “Na medida em que as novas vagas abertas são pelo regime mais barato, haverá cada vez mais trabalhador com uma contribuição menor do FGTS”, disse.

O professor do Ibmec-SP, George Sales, disse que em linhas gerais o plano do governo é positivo porque cria oportunidades de trabalho para um grupo de pessoas que tem maior dificuldade para encontrar trabalho, especialmente quem está procurando o primeiro emprego. “É positivo o fato de ter priorizado os mais jovens. Acredito que vai ter um impacto positivo”, afirmou.

Matéria originalmente publicada em:

Fila de trabalhadores no teatro municipal de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, para se candidatar a uma vaga de emprego na rede Mufato – carteira de trabalho – desemprego – trabalho – candidato a vaga de emprego – contratação de mão de obra – funcionario registrado em carteira profissional –
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/11/11/pacote-do-governo-para-emprego-pode-ser-questionado-por-causa-do-fgts-menor.htm?utm_source=facebook&utm_medium=social-media&utm_campaign=noticias&utm_content=geral&fbclid=IwAR2e5b7HoJEY5PzUH5pO4QatnWR7LsU5SFzllHlUBu5hM7CRebf2nQMTg7M